De Front-End a Product Designer

Como habilidades complementares me fizeram um profissional melhor

Rodrigo Medeiros
Aela
Published in
7 min readDec 18, 2018

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Ao longo desses 10 anos que eu estou envolto nesse mundo do design, tecnologia e marketing, eu venho colecionando aprendizados de áreas complementares. Então, aproveitando esse clima de fim de ano e revisão de metas, resolvi expor esses erros e acertos aqui nesse artigo.

Quando eu cheguei aqui, era tudo mato.

No ano de 2006 era um pouco assim mesmo. Sites em tabelas ainda reinavam, CSS era uma novidade que nem todos queriam aderir, muitos dos profissionais diziam que ele era uma modinha passageira e preferiam continuar focados em como deixar as imagens ainda menores para não ficarem pesadas no projeto. De toda forma, são detalhes que creio que não sentiremos saudades.

A questão aqui é, eu não comecei como Designer e talvez essa tenha sido umas das melhores escolhas que eu poderia ter tomado.

1. Front-End: Como não começar pelo começo

Meu primeiro contato profissional com a área digital e de tecnologia foi durante a faculdade, naquela regra de agarrar a primeira oportunidade que surgisse. E essa oportunidade foi uma vaga como front-end em uma agência digital.

Os desafio de trabalhar com CSS.

Essa minha nova rotina me fez entender as possibilidades de aprendizado que um projeto web nos traz. Entender do que o usuário é capaz, perceber o que cada decisão certa ou errada de design pode provocar no projeto e como as coisas nem sempre vão funcionar daquela forma perfeitinha que nós planejamos.

Trabalhar com Front-End foi o elo perfeito entre as necessidades do usuário e até onde vai o limite da estética sem prejudicar o propósito do projeto. Sem essa experiência eu demoraria anos para aprender isso.

Inclusive, nessa época eu terminei um curso e comecei outro, o de Sistemas para Internet, que apesar de eu não ter concluído, me deu toda uma bagagem (algorítmo, banco de dados, essas coisas que geralmente designers gostam de passar longe) que me ajudam a pensar de forma sistêmica. Já falei sobre isso nesse texto.

Mas voltando. Quando vejo jovens desenvolvedores hoje em dia brig… debatendo sobre o melhor framework, o melhor editor de código ou a melhor ferramenta da moda, me lembro o quando isso soa irrelevante quando consideramos todo o resto que temos acesso e que vai ser mais importante lá na frente.

2. Design: Em busca de novos desafios

Quem vê os projetos web de hoje pode não se lembrar que em 2006/2007, se o projeto não envolvesse a tecnologia Flash (lembra dele?) provavelmente seria algo bem limitado. Nada de HTML5, CSS3, mágicas de JS ou projetos rodando em celulares mega modernos como temos hoje. Era época de fazer os sites funcionarem no Internet Explorer 6 e nas outras 327 versões de navegadores diferentes em telas de no máximo 1280px de resolução.

Essa falta de novos desafios junto com meu interesse pela parte visual me fizeram redirecionar minha atenção para o campo do Design. A minha experiência montando interfaces, a capacidade de enxergar como os usuários se comportavam e o conhecimento naquele Photoshop velho de guerra era tudo que eu (inocentemente achava que) precisava pra tentar a sobrevivência em uma piscina mais funda.

Para minha sorte, pouco tempo depois o designer da agência pediu demissão e a oportunidade caiu no meu colo. Por um período eu passei a ser o responsável pelos layous dos projetos da agência. Veio o primeiro projeto aprovado, veio o segundo, o primeiro freela de design, o segundo e com isso a confiança foi surgindo e consegui o gás que eu precisava para deixar a mesmíce do front-end de lado.

Mas, como nem tudo é sempre lindo e belo o tempo todo, o lado do Design me trouxe outras novidades. Reuniões com clientes e a necessidade de defender as minhas ideias.

O contato com o cliente foi algo que nunca me assustou, mas com o tempo eu percebi que haviam algumas lacunas que me atrapalhavam nessas reuniões. Essas lacunas eram bem aparentes em reuniões que envolviam profissionais de agências de publicidade. Mídia, BV, ROI, VT, alcance, entre outros termos.

Eu vinha de tecnologia, lembra? Essas coisas, não eram parte do meu dia-a-dia. Então, nessas reuniões eu me sentia como aquela pessoa que não sabia falar o idioma em questão, o que me jogava alguns degraus para baixo.

Dessa forma, após algum tempo de reflexões, eu vi que poderia fazer melhor o meu trabalho se conseguisse entender aquele mundo e disso veio a decisão para entender como ele funcionava: -Preciso estudar publicidade.

3. Publicidade: Descobrindo o mundo offline

A essa altura, aquele Designer chamado Rodrigo já entendia bastante como o mundo digital funcionava. O problema é que esse achismo as vezes nos leva para um grande problema que pode atrasar a nossa vida. A BOLHA!

Quem está na bolha, geralmente não sabe que está e acha que o mundo inteiro é o m² ao redor. Achamos que todos pensam daquela forma a qual estamos acostumados, fazemos aquilo que as pessoas ao redor costumam fazer e que os nossos clientes vão ver o site que acabamos de fazer e tudo estará resolvido como mágica. Em minha defesa eu gostaria de lembrar que eu era um jovem de 20 e poucos anos e apesar de achar o contrário, eu não entendia como tudo funcionava.

Cuidado com a Bolha em que você vive.

Trabalhar com publicidade me mostrou que existia um mundo maior, um mundo offline, que consome panfletos distribuídos por moças bonitas nos semáforos, um mundo que não tem Google Analytics e que não pode ser corrigido depois de ir pro ar.

O que tem de importante nisso tudo? SIM, pessoas ainda consomem jornal impresso. SIM, rádio ainda tem impacto e pode complementar a sua campanha digital. NÃO, anunciar no intervalo do Jornal Nacional não é sinônimo de sucesso para a sua campanha. Talvez isso pareça óbvio hoje, mas me dá um desconto, eu era um estudante de publicidade recém saído de um mundo onde só existia o digital.

4. Marketing Digital: Preenchendo outras lacunas

Tiago Mattos da Perestroika fala em seus cursos algo que faz bastante sentido. Quanto mais aprendemos, mais temos a percepção que ainda não sabemos de nada. Profundo, não? Depois dessa imersão na publicidade, creio que essa lógica começou a fazer sentido para mim.

Eu havia entendido como a publicidade tradicional funcionava e isso resolveu o problema da maioria das minhas lacunas. Mas, antes que eu me acostumasse, começaram a surgir outras com a chegada de um rapazinho chamado Marketing Digital.

Facebook, Twitter, Youtube, Google e outras diversas novidades nos dando cada vez mais possibilidades de ver o que acontecia com nosso amigo usuário, que agora tinha 2, 3 e porque não, 4 telas ao seu redor, cada uma com uma informação, função, tamanho e contexto diferente.

Teste A/B, reconhecimento, consideração, conversão, entender o que motiva o público alvo ao longo dos diferentes momentos da jornada, diferenças nos resultados das campanhas com imagens estáticas, vídeos pequenos, vídeos longos, texto, 20%, toda aquela série de possibilidades e a capacidade de acompanhar e entender como os usuários faziam aquele trajeto desde o primeiro clique até a porta do estabelecimento com o dinheiro na mão.

5. User Experience Designer: Aprendendo a fazer as perguntas certas

Após toda essa jornada, eis que surge uma nova reflexão. Apesar da principal entrega do meu trabalho ser uma interface de site ou hotsite para uma campanha digital, o meu trabalho era muito mais que isso. Eu não era mais um Designer de Interfaces pensando em pixels e resoluções, eu acumulava uma série de skills que me levavam pra outro lugar e esse outro lugar era algo que eu demorei um pouco para conseguir nomear. Perguntar POR QUE aquilo devia existir, QUEM usaria, COMO usaria, ONDE e QUANDO usariam, não eram mais dúvidas triviais, era algo que não fazia sentido algum deixar de lado e que já não era mais sobre saber as RESPOSTAS certas, e sim as PERGUNTAS corretas.

Talvez uma carreira em linha reta tivesse me levado a um outro lugar (melhor quem sabe?), entretanto, essa coleção de percepções que o Rodrigo de hoje possui, é algo que ajuda a resolver os problemas do dia a dia e a tentar fazer as perguntas certas.

6. Product Designer: A página em branco

Agora estamos praticamente em 2019 e é chegado o novo desafio. Porém, essa parte ainda vai ser escrita. Então, fica para outro texto. ;)

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Rodrigo Medeiros
Aela
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Product designer, retired advertising man, myopic, and most handsome son, and now a robot vacuum cleaner owner.